Eventos climáticos extremos estão causando grandes impactos na economia global, e os CEOs estão sendo pressionados para agir imediatamente. Praticamente metade dos CEOs em todo o mundo (49%) revelam enfrentar interrupções na cadeia de abastecimento por conta de eventos climáticos extremos. Esses dados são do maior estudo com CEOs sobre sustentabilidade já conduzido pelo Pacto Global da ONU e a Accenture.
O mais recente Estudo de CEOs da Accenture Global Compact das Nações Unidas sobre Sustentabilidade fornece perspectivas e uma chamada à ação resoluta, com base em uma análise feita com mais de 2.600 CEOs em 128 países e 18 setores.
Neste contexto global, extremamente desafiador e complexo, 93% dos CEOs mundiais dizem enfrentar dez ou mais desafios simultâneos. E 87% alertam que, por conta dos atuais níveis de disrupção, terão grandes dificuldades para cumprir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela ONU. Ainda segundo o estudo, 98% dos CEOs concordam que a sustentabilidade é parte essencial de suas funções. Montante 15% superior a primeira edição do estudo, conduzida há dez anos.
“Os riscos climáticos são tangíveis e as pessoas são capazes de entendê-los. Qualquer um que tenha passado por um evento climático extremo recentemente tem ciência disso e está pensando em como isso afetará suas operações”, comenta Suni P. Harford, Patrocinadora do Conselho Executivo de Sustentabilidade e Impacto do Grupo da UBS.
A pandemia da covid-19 ressaltou a importância da sustentabilidade, mas acrescentou complexidade a uma resposta climática concertada
79% dos CEOs afirmam que a pandemia destacou a necessidade de transição para modelos de negócios mais sustentáveis. George Oliver, Presidente e CEO da Johnson Controls, observa que “teria previsto que uma crise como a COVID teria interrompido qualquer outra coisa que não o principal pensamento convencional, e o fato de que fez exatamente o contrário é extraordinário. Acelerou a trajetória da sustentabilidade”.
Para metade dos CEOs globalmente (50%), a pandemia da COVID-19 aumentou a sua dependência de parcerias estratégicas, multisetoriais, uma mudança mais observada entre os CEOs de empresas com receita anual superior a US$ 250 milhões (58%).
Nas palavras de Francesco Starace, Diretor Executivo e Gerente Geral do Grupo Enel, “a pandemia reforçou que a mudança é possível quando a governança é coordenada e reforçada no nível global. O multilateralismo forte é fundamental durante uma crise global e essas lições devem ser aplicadas à ação climática”.
Quase metade dos CEOs globalmente (46%) está enfrentando a incerteza em seu setor, decorrente das guerras comerciais nacionais; 37% enfrentam incertezas de uma quantidade crescente de movimentos populistas; e 40% dizem que enfrentam incertezas que relacionadas a ameaças à globalização e à circulação de bens e serviços. Segundo Hilde Merete Aasheim, Presidente e CEO da Norsk Hydro ASA, “o regionalismo, o protecionismo e as barreiras comerciais colocam a agenda de descarbonização em risco”.
O setor privado permanece pronto à medida que investidores e mercados de capitais estão cada vez mais alinhados para avançar a ação climática
Os investidores estão mostrando a sua influência criando uma condição para o acesso ao capital de desempenho de sustentabilidade e exigindo divulgações mais completas. Segundo Pekka Lundmark, Presidente e CEO da Nokia, “a sustentabilidade está se tornando cada vez mais importante entre os nossos investidores, que estão colocando requisitos mais fortes para ter acesso ao capital”.
No entanto, à medida que essas demandas se intensificam, os CEOs veem a necessidade de requisitos padronizados de divulgação, para avaliar melhor o desempenho da sustentabilidade. Douglas L. Peterson, Presidente e CEO da S&P Global, acrescenta que “investidores e empresas estão exigindo mais informações sobre temas de ESG nos mercados de capitais globais. À medida que a demanda por um forte desempenho de ESG continua aumentando, precisamos de maior padronização dos requisitos de divulgação”.
Globalmente, 81% dos CEOs já estão desenvolvendo novos produtos e serviços aproveitando a eletrificação, materiais sustentáveis e design circular. Um em cada quatro CEOs globalmente (24%) está priorizando investimentos de curto prazo no desenvolvimento de novos produtos sustentáveis.
Além disso, 69% dos CEOs globalmente estão investindo em fabricação e design resilientes e sustentáveis. Notavelmente, 86% dos CEOs da indústria automobilística e de peças, uma das maiores indústrias de manufatura do mundo, estão investindo na fabricação sustentável.
CEOs estão adotando ciclos de vida de produtos circulares para mudar os seus modelos de negócios para uma economia de emissões líquidas zero. Globalmente, quase três em cada quatro CEOs (74%) começaram a implantar novos modelos de negócios circulares.
A tecnologia é a principal facilitadora de novos modelos de negócios e desbloqueará o futuro da descarbonização do setor
A tecnologia está transformando fundamentalmente os modelos de negócios e, também, introduzindo setores inteiramente novos aos esforços para acelerar a descarbonização global. Os avanços das tecnologias, desde a inteligência artificial (IA) até a internet das coisas (IoT) até a gestão em nuvem, estão obrigando coletivamente os CEOs a aumentar as suas ambições climáticas.
Os líderes reconhecem que a tecnologia é uma poderosa facilitadora de ações climáticas aprimoradas. Manon van Beek, CEO da TenneT TSO B.V., diz: “a inovação é mais que apenas desenvolver tecnologia; trata-se de combinar as tecnologias certas, na hora certa, no lugar certo”. Jean Jereissati, CEO da Ambev, acrescenta: “a tecnologia é uma alavanca para resolver problemas, não um resultado em si só. Para resolver problemas, precisamos associar tecnologia com colaboração, modelos de negócios adequados e mercados financeiros”.
Hoje, mais de três quartos dos CEOs globalmente (77%) estão promovendo pesquisa e desenvolvimento focados em sustentabilidade, do design de produtos à seleção de materiais. CEOs dizem que estão construindo recursos de gestão de dados de ESG. Globalmente, 81% dos CEOs estão aproveitando a tecnologia para coletar e gerenciar dados de ESG em toda a organização; no entanto, apenas um quarto desses CEOs (25%) está gerenciando os seus dados em um nível avançado.
Além disso, as lacunas de conhecimento tecnológico impedem que os CEOs percebam ganhos de sustentabilidade. Mais da metade dos CEOs globalmente (53%) relata que luta para entender quais tecnologias podem melhorar o seu desempenho em sustentabilidade.
