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Crise política crônica é maior responsável pela alta na inflação, aponta especialista

Reflexos da crise política na inflação

Reflexos da crise política na inflação

Segundo Robson Gonçalves, professor de Economia dos cursos de MBA do ISAE/FGV, o Banco Central deve elevar ainda mais a taxa de juros básica, a Selic

 

 

O IPCA é o termômetro oficial da inflação no Brasil e sua pesquisa de preços é realizada todo dia 30 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) seguindo um padrão internacional de indicadores de inflação. Já o IPCA-15 é uma prévia, mensurado todo dia 15 de cada mês. Nos últimos 12 meses, o IPCA-15 subiu 9,30%, registrando a maior alta em quase duas décadas. 

 

“Todos os índices de preço ao consumidor são índices de varejo, ou seja, tomam como referência os gastos das famílias com bens e serviços diversos”, explica Robson Gonçalves, professor de Economia dos cursos de MBA do ISAE/FGV. Segundo o especialista, o que diferencia os índices de preço ao consumidor é a faixa de renda familiar de referência. No caso do IPCA, considera-se uma renda total de até 40 salários-mínimos.

 

“Com essa alta acumulada, o IPCA-15 sugere que teremos, mais uma vez, aceleração do IPCA relativo ao mês fechado. E este é o índice de referência para o Regime de Metas à Inflação do Banco Central”, aponta Gonçalves. Em 2021, a meta de inflação foi fixada em 3,75%, com tolerância até 5,25%. Contudo, as expectativas do mercado são que o IPCA encerre o ano com alta na casa dos dois dígitos, muito acima do limite superior da meta. “A resposta do Banco Central deve elevar ainda mais a taxa de juros básica, a Selic. Como consequência, o crédito deverá ficar mais escasso e caro para pessoas e empresas”, diz. 

 

Ainda assim, essa é uma decisão difícil e que poderá não dar grandes resultados, pelo menos nos próximos meses. De um lado, a alta da inflação está relacionada com a elevação dos preços de commodities no mercado internacional, fato que pode ser facilmente percebido nos preços de alimentos e materiais de construção. Ao mesmo tempo, a crise hídrica causada pela falta de chuvas está pressionando as tarifas de energia. Acontece que nenhum desses preços é facilmente influenciado pela subida da Selic.

 

“Se o país não vivesse há tantos meses uma crise política crônica, podemos supor que o dólar não estaria tão alto e, este fato sim, contribuiria para a queda rápida da inflação, reduzindo pressões de custos das empresas e preços dos alimentos, material de construção, combustíveis e energia. Mas, hoje, isso é mais um desejo do que uma expectativa concreta”, completa o professor do ISAE/FGV, Robson Gonçalves.

 

 

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